domingo, 23 de julho de 2017

Capítulo 2: Massacre




Ao final da tarde,diversos alunos e professores da escola Wingarden caminhavam em direção as pradarias, que ficavam nas proximidades da escola. Lá se encontrava Alberto com Liber ao seu lado. Como o frio era muito,todos estavam usando roupas pesadas. Borya não se encontrava presente junto aos alunos e professores.

Todos se reuniram envolta de Alberto, que encarou os professores que se posicionavam na frente dos alunos.

- O que será feito hoje vai ser uma coisa simples. Primeiro, peço que todos os professores venham para a frente.- os diversos professores seguiram o comando.- Agora, explicarei o que irão fazer, e... O que estão a olhar que é tão interessante?- pergunta ao notar alguns alunos olhando em direção ao céu.

- O-o-o que é aquilo?!- Pergunta um dos jovens que olhavam átonitos para o céu.

Alberto olha na mesma direção, e o que para ele era antes deveria ser uma simples distração dos alunos, se revela um grande desastre. Milhares de criaturas cobriam o céu, e sua simples presença fazia todos os presentes ficarem com medo. Demônios. Um exército de demônios. O que era uma cena pacífica se transformou em algo caótico. Nenhum dos presentes manteve a calma quando viram tal coisa e sentiram a intenção assassina vindo de tais seres.

- Corram para a escola! Depressa! - gritou Alberto.

Alunos e professores corriam em direção à escola, alguns até usando magia para facilitar. Mas não adiantou. Os demônios lançaram magias de longo alcance e acertaram aqueles que fugiam. A locação rapidamente foi destruída, e o fogo cobria até onde a vista alcançava.

Alberto cai no chão, impotente em relação a situação. Tudo o que podia fazer era ver todos morrerem, sem poder ajudar.

- He he! Olhe o que temos aqui! E eu pensando que era apenas um rumor! Não é que você realmente voltou?- disse uma figura feminina que se aproximava dele.

- Vanessa Scarlet, eu disse que não retornaria à magia, e não retornei. Você sabe muito bem que já não tenho poder e não os ameaço.- disse Alberto para a mulher a sua frente.

Vanessa era uma mulher de força terrível, ao nível Comandante, e além disso, dona de uma bela aparência. Seu corpo voluptoso e sua pele bonita e delicada como jade branco eram de enlouquecer qualquer homem, seus cabelos negros e sedosos caíam até suas costas, e seus olhos azuis eram hipnotizantes. A única coisa que fazia as pessoas cairem na real em seu corpo eram as asas que remetiam as de um morcego, essas, que pareciam trazer a morte consigo.

- Oh! E do que isso importa? Só de você estar aqui já temos motivo para te capturar, quem sabe até te apagar!- zomba de Alberto. - No entanto, você tem sorte, meu mestre disse que caso você aparecesse em algum lugar, não era para fazer nada além de reportar o encontro.

- Quando ele deu essa ordem? - rebate, tentando manter a compostura.

- No momento em que renunciaste.

A resposta chocou-o, ele não imaginava que desde o início, aquele louco já planeava algo. Se fosse assim, ele teria, uma hora ou outra, de se reerguer e ver se consegue impedir as maluquices daquele sujeito.

- Sorte sua, não é hoje o dia de sua morte! Au revoá! - diz ela, saindo com um sorriso macabro no rosto.

Ao presente momento, as criaturas atacavam os últimos membros restantes do colégio, atacando-os com espadas e lanças. Nem se preocuparam em recolher as armas dos corpos ou verificar se realmente todos morreram, afinal, para eles, nenhum daqueles que caíram poderiam resistir ao seu poder.

Olhando pessoas inutilmente morrerem, Alberto não pode fazer nada, além de fica com um sorriso amargo no rosto. Era isso que ganhava por desistir de algo acreditando ser por um bem maior? Se fosse, ele preferiria nunca ter escolhido aquele caminho.

Alberto teve lágrimas a brotar em seu rosto, e pôs-se a chorar por continuos minutos... Neste meio tempo, o ataque já havia acabado, tão de subito quanto quando começou. Decidiu que não devia mais perder tempo, e levantou-se, e foi verificar os cadaveres, ver se havia algum sobrevivente.

Seu caminhar frouxo pela neve mostrava um pouco de insegurança, e o sangue que molhava a neve branca fazia o seu rosto ficar sombrio. Não foi a maior batalha que já viu, mas foi a única onde ele só pôde assistir.

Chegou ao cadáver de uma aluna da escola, verificou o pulso e a temperatura. Ao que tudo indicava, morta. Passou para a próxima, que estava bem perto da anterior, e o resultado desta, foi surpreendentemente viva...

...

Após investigar as centenas de corpos caídos no chão, verificou-se que apenas trinta sobreviveram. Alberto, utilizando-se de seus velhos conhecimentos, usou técnicas de tratamento avançadas para, pelo menos, garantir a sobrevivência destes poucos.

Uns cinco já podiam, ao menos, se sentar ou dar pequenos passos. Dentre eles, aquela de alcunha “ Gênio Dinamite”, a pequena garota de cabelos vermelhos chorou bastante. Não só pela morte de diversos companheiros, ou pela cena tão sangrenta, mas também porque ela acreditava que um certo alguém poderia ajudá-los.

Ela ergue-se e vai em direção à Alberto. Punho cerrado, dentes rangendo. A face mostrava extrema raiva contra o outro. Lágrimas brotavam no canto de seus olhos,  a face corada pelo sangue quente, movido por sua atual emoção.

- Por quê... Por quê você não os ajudou?! Você não era o rei do pedaço?! Não era o tal?! Então por quê não nos ajudou?! Diga-me! Por que?! - grita tentando, em vão, socar Alberto.

- Pare de ser infantil... Acha mesmo que se eu pudesse fazer algo, eu ficaria no campo de batalha sem fazer nada, além de chorar e ressentir? Acha mesmo que deixaria de ajudar todo o projeto de um amigo, deixando-o se despedaçar?! Realmente acha isso?! - questiona o outro, já alterado.

Ele segura os punhos da menina, que tentava, mesmo que inutilmente, se debater, olha nos olhos da mais jovem e diz:

- Não pense que só por eu ter sido forte no passado, que eu tenho de ser agora. Não sabe nada dos eventos do ano passado? Parece que não, né? Caso não saiba, por uma série de motivos tive de danificar meus merídianos imortais e veios mágicos. Também tive de quebrar meu cultivo. E agora, acha que eu seria de alguma ajuda? Não pense nas pessoas como algo conveniente para você, e nem pense que só você está sofrendo. Não vê seus colegas? Muitos sofreram ferimentos fatais, e milhares morreram tragicamente. Não me venha com papo furado, ao invés disso, cuide de si mesma, vá se deitar e pare de me amolar, tenho muito o que fazer.

Alberto deixa a menina para trás, ela já com lágrimas nos olhos, e grita para um:

- Você aí!  Consegue andar?

- Um pouco senhor. Ainda me dói as pernas, mas qual a causa? - responde.

- Mantenha a ordem por aqui. Posso demorar para voltar, então preciso de alguém que possa estar atento aos feridos, e que, em caso de extrema necessidade, possa caminhar de volta ao castelo, onde estarei checando as coisas. Então, pode fazer isto?

- Tentarei meu máximo.

- Ótimo! Peça para aquela garota te ajudar, um só não manteria a ordem. - diz ao apontar para a chorosa garota de cabelos avermelhados.

Logo o sujeito concorda, e Alberto sai em direção ao castelo.

...

As paredes esburacadas, o telhado destroçado e a mobília quebrada não eram coisas muito agradáveis de se ver. Essa íncrivel “combinação” fazia o castelo centenário parecer milenar.

Alberto explorava os arredores e movia escombros em busca do diretor. Nada parecia colaborar muito com a busca, e logo Alberto desiste e vai ao tradicional método dos grito.

- BORYA! CADÊ VOCÊ?! BORYA!! - berrava. - BORYA! SE ME OUVIR, RESPONDA! DÊ ALGUM SINAL!

Nada. Rapidamente se locomove ao próximo cômodo.

- BORYA! RESPONDA! BORYA!

Novamente, silêncio. A busca pelo diretor não dava resultados. A cada cômodo passado, menor eram as esperanças, e maior era a decepção. Por fim, Alberto segue para o último cômodo. A diretoria.

O local se encontrava em péssimo estado, destroços cobriam a maior parte do ambiente.  Num dos cantos, um corpo se encontrava jogado, com as roupas cobertas por rasgos, e a pele, por feridas. A barba completamente desgrenhada coberta de pó. Era Borya.

Alberto de imediato vai até ele.

- Borya! Consegue se mexer?

- S-sim... - responde o outro, fraco.

- Ótimo, isso facilita um pouco o trabalho. - diz Alberto, ajudando o outro a se levantar. - Então? Alguma idéia do porquê desta “visita” repentina?

- Na verdade, eu acho que sei o motivo. Mas antes, traga-me água, por favor... - num sussurro.

Alberto o recosta em um canto e vai obter água.

...

Não tarda e Alberto retorna com uma garrafa d’água., logo abrindo-a e entregando-a a Borya, que com certa dificuldade, bebe um pouco.

- Bem Borya, agora me diga, qual o motivo deles atacarem a academia?

- Creio que você suspeite do mesmo que eu... A Pérola Ametista...

- Já previa algo assim... Essa jóia é extremamente rara, uma fusão de duas jóias diferentes formadas por circunstâncias quase opostas e sem a menor proximidade uma da outra. Ela é centrada no acumulo de energia elemental terrestre, e seu poder chega a ser maior do que o de três bombas de hidrogênio.

- Mas se esquece do fato mais importante... Sua energia mágica é ideal para servir de combustível para grandes formações. - respira fundo - acho que já descobriu o que ele fará, se realmente roubaram a jóia...

- Sim, tenho uma noção, mas creio que não devamos discutir isto agora, primeiro temos de sair daqui. - fala Alberto. - Se apoie no meu ombro, não acho que esteja bem o suficiente para caminhar sozinho.

Borya se levanta, e, arfando, apoia-se no ombro do outro.

Logo saem da sala, que é imediatamente tomada pelo silêncio.

...

O que antes eram os restos de um trágico massacre agora já era um acampamento, este com algumas barracas, fogueiras, e alimento. Três dias foi suficiente para tomarem alguma providência e começar a fazer planos. Nesse curto espaço de tempo a maior parte dos sobreviventes já havia se recuperado dos ferimentos, isto graças a Borya, que logo ao recuperar alguma força aplicou magia de cura nos alunos.
Na maior barraca, esta montada com os restos de alguns tecidos impermeáveis encontrados no castelo, estavam Borya e Alberto, discutindo a situação.

- Borya, acho que agora não posso viver pacificamente...

- Alberto, eu acho que nós dois já sabíamos que era muita ilusão pensar em se esconder para sempre. - suspira. - E então, lembra de algum método  para restauração dos seus veios? Ou talvez de um método de cultivo? Talvez Liber possa ajudar.

- Liber ajudar é fora de cogitação, selei o livro de forma que só alguém do mais alto nível possa abrir. Mas ainda tenho alguns métodos para voltar a ativa. Os veios são mais fáceis, o problema são os meridianos...

O mais velho suspira, e diz:

- Se houver algo com o qual eu possa coperar, é só falar.

- Na verdade preciso de uma coisa. - fala Alberto. - Sabe onde tem vinhedos por aqui?

- Não, mas por causa de alguns projetos da antiga URSS, é possível ter um num raio de cinquenta quilometros. - fala Borya, esfregando as mãos. - Mas não garanto qualidade, pois as uvas eram péssimas.

- Isso não importa, para a “receita” que vou seguir, desde que seja diretamente retirada do pé, e não passe mais de vinte quatro horas fora dele, qualquer uva serve.

- Alquimia, não é? - pergunta Borya, com um sorriso no rosto.

- Sim, a boa e velha alquimia...

...

Após alguma procura...

- Parece que ainda restam alguns. - diz Alberto ao ver algumas videiras a sua frente.

Borya, que o acompanhou, pega um cacho presente em uma videira.

- Mas que azar, parece que a sorte não nos acompanha. Achamos após dois dias videiras e uvas de bom tamanho, mas ainda longe de amadurecerem. Que pena...

- O amadurecer é o de menos, para isso tenho um jeito. - responde o mais jovem ao retirar um cacho com cuidado. - Vamos, precisamos de apenas mais alguns, algo em torno de um quilo.

Borya assente, e em pouco tempo retiram a quantia.

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